segunda-feira, 29 de novembro de 2010

pela razão e pela emoção.

a campanha da DOVE pela real beleza trouxe um pouco de frescor para a máxima ultrapassada de qua as pessoas almejam ser vencedores perfeitos e infalíveis. pra vender a gente tem que saber o que é que as pessoas estão querendo comprar. eles se ligaram que a grande maioria dos consumidores ficava um pouco intimidada ao se deparar com a imagem de pessoas perfeitas e photoshopadas. hoje em dia os valores mudaram! então decidiram mostrar garotas entre aspas normais em seus filmes e fotos, para que as clientes pudessem se identificar com um ideal de beleza menos inatingível. e assim vissem a marca dove como mais real, sabe. mais gente como a gente. além de mais bacana, mais em sintonia com a auto-estima das meninas, mais moderna, mais milênio, mais ego-friendly.

claro que a princípio alguns puristas torceram o nariz ao ver uma menina mais rechonchuda pulando de biquini na tv. alguns caçoaram do cabelo tonhonhóin de uma, do narigão da outra. mas no fim todo mundo entendeu que o conceito era mais amplo. mais profundo.

segura essa idéia aí e corta pra outro assunto:

uns dias atrás fui fazer uns exames que minha médica pediu. nada sério. só rotina de glicemia, colesterol e tal. dois tubinhos de sangue. eles viram qualquer problema com a minha carteirinha do seguro médico e eu não poderia fazer o exame naquele dia. pra não perder os 3 dias sem beber e as 12 horas de jejum resolvi pagar pelo exame. quer dizer... resolvi saber o preço. frente a resposta de um valor exorbitante resolvi botar o rabinho entre as pernas e deixar pra lá. quer saber? jejum é bom. emagrece.

mas confesso que fiquei meio indignada. fiquei pensando que a gente paga uma fortuna pelo piso de mármore, pelo sorriso do médico e pelo paisagismo do jardim. porque não era possível ser tão caro botar o diabo do sangue no tubo, sacudir e olhar no microscópio. só podia ser isso. uma inversão de valores. aceitamos que seja elevado a milésima potência o valor agregado do estilo de vida pago- uma- fortuna- despropositada, mas- tenho- conforto- para- minha- família, que- é- o- que- importa.

todo mundo sabe que o que é bacana nos dias de hoje é dar glamour com um toque de o-que-realmente- importa-na-vida até mesmo pra quem vai fazer exame de fezes. o que importa é ser exclusivo, ter um atendimento de qualidade internacional, mas que ao mesmo tempo seja carinhoso e personalizado. que nem na família da gente (se a família da gente fosse feita de gente linda, solícita e sorridente). o que importa é que guardaremos o seu cocô em potinhos de nano-cristal feitos um a um pelos velhinhos do tibet. vai ficar na geladeira junto com as geléias da vovó. teremos engenheiros da nasa para analisar sua amostra. mas o mais importante é que amamos você. sacou?

só que outro dia eu passei na frente de uma unidade desse laboratório em um bairro bacana de são paulo e fiquei na dúvida sobre a mensagem que eles estão tentando passar. acho que deve ser uma coisa mais profunda, que nem a beleza real da dove. eles estão propondo uma mudança de paradigma. deve ser isso. eles decidiram passar a mensagem de que todo o dinheiro que a gente paga não vai ser gasto com futilidades estéticas, mas sim para desenvolver o que importa: a sensação de estar em casa e as tecnologias mais e mais avançadas no mundo das análises clínicas. a qualidade técnica aliada à sensação gratificante de enfeitar a casa com algo que foi feito pelo seu filho de 4 anos.

essa foi a única explicação que eu encontrei para o fato de eles usarem a decoração de natal mais feia do mundo. só pode ser isso.

5 comentários:

  1. Lindinha, enfeites de Natal não são o must desta primavera/verão. E maugosto não é privilégio de poucos, não! com grana ou sem.

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  2. Silvinha, eu acho que a mensagem é uma decoração sustentável, eles pegaram tudo o que sobrou dos outros anos e reaproveitaram. Além de não gastar nada com o dinheirão que a gente paga nos exames, tá na moda!

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  3. boa kenia!
    deve ser isso mesmo.
    ah... sustentabilidade...


    #coisamaischatadomundo

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  4. Pode ser que eles tenham achado nojento guardar os potinhos de cocô na geladeira junto com as geléias da vovó, e resolveram botar o cocô na decoração, num pode?

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