sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Morrer de tristeza

Within recent medical times, psychologic investigations have reawakened interest in the psychological settings in which illness develops. Reports in the literature have singled out loss as a precipitating factor in a variety of disorders. Arthur H. Schmale Jr. MD - Psychosomatic Medicine


How JFK Killed My Father

Richard M. Berlin

It was a time when men wore fedoras
banded on the crown, each band with a feather
tucked into a bow, and inside,
sweat bands carved from calf skins
with their sweet smell of animal and earth.
I remember the photo over my grandfather’s desk,
a sepia toned panorama shot
from his ninth floor factory window,
Broadway below a surge of ticker-tape
and hats tossed in the air for FDR,
hats pouring into the street, hats
waved in exaltation, hats
taking off like America.

After two war-time winters in Greenland
my father came home, hat in hand,
and bought the sweat band business,
made it grow like his young family, presidents
and hopefuls motorcading down Broadway:
Truman in a Scala wool Hamburg,
Ike’s bald head steamed in fur felt,
Stevenson’s ideals lost in the glory
of a two-inch-brimmed Stetson.
But when thick-haired Kennedy
rode top down and bare-headed,
men all over America took off their hats
in salute, in praise and imitation,
flung them into the street forever.
Hat factories closed quiet as prayer books,
and loss lingered in my father’s guts
like unswept garbage after a big parade.

Years later, yarmulke on my head,
they asked me to view him in his coffin.
I can still see his face shaved smooth as calf skin,
his dark suit, crisp white shirt and tie,
how I laughed that they dressed him for eternity
without a hat. And I can still hear
the old men murmur in the graveyard,
Kennedy did it to him,
fedoras held close to their leathered hearts.




How JFK Killed My Father won the Pearl Poetry Prize, 2002, and was a finalist for the Paris Review Prize, Kate Tufts Discovery Award, Kenyon Review Prize, University of Louisville Fleur-de-Lis Prize, and the Pinyon Poetry Prize.

The title poem of How JFK Killed My Father was nominated for a Pushcart Prize.

from:
www.richardmberlin.com

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

o par de asas do Zé

meu pai tinha pernas normais. eram meio separadas em curva, que nem as pernas de um alicate. meu pai foi jogador de futebol da segunda divisão quando era mocinho.

quando eu era pequena eu usava as pernas dele como meio de transporte. trançando em volta delas que nem um coala. eram também uma espécie de sofazinho pra mim, quando ele as cruzava e eu me apoiava pra ler minhas revistinhas.

meu pai tinha pernas como qualquer outro pai. só que um dia ele teve que abrir mão delas pra continuar vivendo. ele gostava muito de ficar aqui com a gente, então tomou essa decisão.

por um tempo ele pode ter pernas biônicas. ele teve joelho com trava de pressão, que permitia que ele se levantasse da cadeira sem precisar apoiar na bengala. ele teve pernas de liga leve virtualmente indestrutíveis. nao lembro se eram de titânio ou de adamântio. mas eram biônicas.

por um tempo eu pensei que elas fossem mágicas. de tanto bem que elas fizeram pra ele. a liberdade que ele ganhou com as pernas mágicas era similar ao que aconteceria se um de nós ganhasse um par de asas. imagina só.

depois de um tempo ele não conseguia mais ser o homem biônico. e as pernas mágicas ficaram guardadas. junto com a esperança de que alguma outra mágica pudesse reverter a piora gradual e impiedosa da saúde dele. só que não teve jeito mesmo. depois de um tempo ele foi embora. sem perna nenhuma. sem força biônica e sem poderes mágicos. foi embora e pronto.

as pernas biônicas ficaram por aqui. tudo ficou mesmo tão estranho por aqui. um par a mais, um par a menos de pernas nem se notava. as pernas biônicas ficaram muito tempo aqui. faltava coragem pra encará-las.

hoje eu fui levá-las pra um novo destino. eu coloquei as pernas biônicas no carro e entreguei na mão de alguém que eu não conhecia. um dia elas vão ser entregues pra alguém que precisa de pernas biônicas. quem sabe elas voltam a ser mágicas.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

os óculos do paulão

quando eu o conheci ele não estava usando. talvez isso até tenha garantido a minha chance, interferindo na nitidez da primeira impressão que ele teve de mim... parece que tinha perdido o seu último par. pelo que vi nas fotos era um modelo tipo 'onde está wally'. depois de longos meses sem me enxergar direito ele comprou um com armação levinha de metal. discreto e moderno. jovem de futuro. agora enxergava bem, mas nessa altura já me via com outros olhos. minha imagem estava a salvo. esse par durou muitos anos. está nas fotos do casamento, de viagens, de festas com os amigos. mudou de país, viajou o mundo e perdeu-se na china. por isso o novo levinho de metal veio de lá. acompanhado de uma prescrição em chinês, guardada por anos, só pela piada. made in china e bought in china, era duríssimo na queda. foi pisoteado numa beach party que tinha tudo pra ser um mico, mas como a gente tava junto e feliz, achava tudo bom. esse par sobreviveu também a um afogamento no oceano atlântico, quando seu distraído dono mergulhou com ele no rosto. foi salvo pelo ágil miel, num golpe de sorte e rapidez ninja. secou-se ao sol enquanto curtíamos um churras na casa do amigo beto, num dos melhores dias já vividos. durou mais alguns anos. ajudou o cara a enxergar novos e maiores horizontes. meio torto e baleado, acompanhou os grandes olhos verdes, então envermelhecidos pela falta de sono, durante longos meses de I.P.O. esses óculos acompanharam a exaustão dele e a mudança de emprego com certeza de dever cumprido. embaçado e úmido, mudou-se daqui de casa junto com ele. a última notícia que tive foi que agora o cansado par de óculos não tem mais serventia. aposentou-se após uma cirurgia a laser. adiada por anos, finalmente aconteceu em 2010, data em que ele e o laser comemoraram 40 anos. tirou os óculos de vez. não precisa de mais nada pra poder olhar pra frente. e pra frente seguir com seu olhar doce de menino.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

nem que seja na marra...

... em 2011 eu vou pra frente!