que 2012 traga um pouco de certeza,
pra eu sentir menos medo de tudo.
e que traga também incerteza,
pra que o tédio não me aterrorize.
ou então, ano novo,
a gente também pode fazer assim:
deixa essa poesia cafona de lado,
e me traz um interruptor de foda-se
com acionamento automático.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
sábado, 17 de dezembro de 2011
hora do balanço
dar a volta por cima não passou nem perto,
mas até que deu pra levantar e sacudir a poeira.
fiz meu trabalho o melhor que eu pude. paguei todas as minhas contas.
cuidei de umas pessoas. cuidei de mim. cuidei da minha casa.
não matei ninguém. não morri.
2011 was good enough.
mas até que deu pra levantar e sacudir a poeira.
fiz meu trabalho o melhor que eu pude. paguei todas as minhas contas.
cuidei de umas pessoas. cuidei de mim. cuidei da minha casa.
não matei ninguém. não morri.
2011 was good enough.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
never mind
querido papai noel,
esse ano eu não quero nenhuma coisa.
graças a deus eu dei conta de comprar tudo que eu precisava.
mas já que é época de pedir graças, vou aproveitar: eu queria ficar mais forte.
até pensei em lhe pedir algum superpoder, mas pensando bem nem é o caso.
acho que só a minha cabeça de volta já dava conta.
muito obrigada.
love, ia
esse ano eu não quero nenhuma coisa.
graças a deus eu dei conta de comprar tudo que eu precisava.
mas já que é época de pedir graças, vou aproveitar: eu queria ficar mais forte.
até pensei em lhe pedir algum superpoder, mas pensando bem nem é o caso.
acho que só a minha cabeça de volta já dava conta.
muito obrigada.
love, ia
sábado, 26 de novembro de 2011
chove chuuuuuva
esse temporal me fez lembrar do meu outro blog, em outros tempos. eu costumava brincar com o ano de 2009 e chama-lo de dois mil e chove. ou dois mil e love. as vezes virava dois mil inove. as vezes virava dois mil e move.
volta e meio eu lembro de dois mil e nove e me da' um baque pensar que a mudança que eu esperava, queria e temia era ter um filho.
dois mil e nove raios me partam.
dois mil e nove raios me partam.
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2009 love chove move explode
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
I owe you an appology
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
pra viver bem
viver bem é fácil. é só não dar a mínima.
porque vive melhor que não liga.
vive melhor quem ocupa o espaço e pronto.
os incomodados que se mudem.
porque vive melhor que não liga.
vive melhor quem ocupa o espaço e pronto.
os incomodados que se mudem.
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I wish I could really say I dont give a fuck
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
boa noite
já era tarde quando ele foi deitar. encostou a cabeça no travesseiro e meio sem querer começou a fazer um balanço do dia. não conseguiu lembrar de nem uma só coisa que o fizesse ter orgulho de si mesmo. logo adormeceu e sonhou com nada.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
pra quem quer a palavra
se tem algo pra falar e não sabe como começar, eis aqui uma sugestão:
dois pontos, travessão.
dois pontos, travessão.
sábado, 10 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
relacionamentos e virtudes
relacionamentos devem ser baseados em 2 virtudes:
beleza e paciência.
se der certo, beleza.
se não der, paciência.
#stopwhiningandsuckitup
beleza e paciência.
se der certo, beleza.
se não der, paciência.
#stopwhiningandsuckitup
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domingo, 28 de agosto de 2011
make love not porn
sorte de quem teve a chance de aprender sobre sexo se amassando com alguém íntimo de verdade. pele na pele. aprendendo o que cada um gosta ou não.
bem pouco tempo antes a regra era que homem aprendia com puta. e mulher aprendia com o marido que tinha aprendido com puta.
bem pouco tempo depois homem aprende com pornô-closeup-chaca-chaca-yeah-baby na internet. e um montão de mulher acaba tendo que aprender com esses caras.
o fenômeno que se criou foi um tanto de gente que acha que TEM QUE gostar do que aparece entre gemidos de oh my god e orgasmos instantaneos advindos de movimentos de bate estaca. afff.
achei uma graça a idéia do makelovenotporn, que vi na revista tpm. eles perceberam que anda valendo a pena explicar o presumível óbvio com todas as letras: o que aparece na tela não é necessariamente o ideal da realidade. isso vem com a singela sugestão de que voltemos ao básico pele com pele e fazer o que tem vontade. incluindo, ou não, o que os pornstars parecem curtir.
fair enough.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
lembra daquela garota?
onde é que a gente se perde no meio do caminho?
é uma primeira escolha que muda tudo? é uma sequencia delas?
é um fato externo? um pulo do acaso? um monte deles?
será que alguma coisa podia ter sido diferente?
deve ser tudo junto, né?
escolha + acaso + os outros + um determinado timing. é isso?
e hoje?
o que será que a gente tá fazendo hoje que vai virar um tango daqui a pouco, hein?
#how to go from cute and happy to creepy and dead in less than a decade
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cute and happy
sexta-feira, 22 de julho de 2011
THE TRUTH
a grande verdade é que todo mundo é mal resolvido.
a gente se compara com os outros pra ver o quão mal a gente tá. se parecer grave demais a gente se mexe pra mudar. ou então a gente assume que é o mundo que tá errado e toca a vida.
tem épocas que parece que melhorou. que a gente tá no prumo, que finalmente tá funcionando [a vida]. mas aí vem o correr das coisas, mexe uma coisinha, e pronto. nosso bumbum já fica descoberto de novo. no tempo. vulnerável. esperando providências. e lá vamos nós, tentando resolver mais uma.
acho q o único jeito de se cobrir for good é com sete palmos de terra.
a gente se compara com os outros pra ver o quão mal a gente tá. se parecer grave demais a gente se mexe pra mudar. ou então a gente assume que é o mundo que tá errado e toca a vida.
tem épocas que parece que melhorou. que a gente tá no prumo, que finalmente tá funcionando [a vida]. mas aí vem o correr das coisas, mexe uma coisinha, e pronto. nosso bumbum já fica descoberto de novo. no tempo. vulnerável. esperando providências. e lá vamos nós, tentando resolver mais uma.
acho q o único jeito de se cobrir for good é com sete palmos de terra.
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terça-feira, 19 de julho de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
I can't help feeling
Music video by Adele performing Rolling In The Deep. (C) 2010 XL Recordings Ltd.
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sexta-feira, 17 de junho de 2011
pro dia nascer feliz!
ah... essa é a vida que eu quis...
tem gente que vive para vencer desafios
tem gente que vive pelo próprio prazer
pra fazer o bem
pelo dinheiro
tem gente que vive sem pensar nessas bobagens
tem gente que vive pra deixar um legado
pra salvar o planeta
pra cumprir uma missão
pra atingir um estágio superior
tem gente que vive só porque não tem outra opção
ou sei lá mais o que.
enquanto eu puder e enquanto existir um candidato, eu quero isso aqui:
o resto, pra falar bem da verdade, não me importa muito. eu só tento tocar o melhor possível pra ter com o que me preocupar no caso de faltar amor.
tem gente que vive para vencer desafios
tem gente que vive pelo próprio prazer
pra fazer o bem
pelo dinheiro
tem gente que vive sem pensar nessas bobagens
tem gente que vive pra deixar um legado
pra salvar o planeta
pra cumprir uma missão
pra atingir um estágio superior
tem gente que vive só porque não tem outra opção
ou sei lá mais o que.
enquanto eu puder e enquanto existir um candidato, eu quero isso aqui:
o resto, pra falar bem da verdade, não me importa muito. eu só tento tocar o melhor possível pra ter com o que me preocupar no caso de faltar amor.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
teste do Homem de Lata
voce tem um coração?
para fazer o teste, assista ao video e depois responda ao questionário abaixo:
algo se partiu dentro do seu peito?
1. nao ( )
2. sim ( )
RESULTADO:
se voce respondeu 1, você não precisa se preocupar.
pode comer bacon e fumar a vontade.
para fazer o teste, assista ao video e depois responda ao questionário abaixo:
algo se partiu dentro do seu peito?
1. nao ( )
2. sim ( )
RESULTADO:
se voce respondeu 1, você não precisa se preocupar.
pode comer bacon e fumar a vontade.
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
quarta-feira, 1 de junho de 2011
apelidos e piadas de mau gosto
ele era o mais novo, nascido depois de 3 meninas. era um nenê fofo, com dobrinhas no corpo todo, carinha redonda. ganhou o apelido carinhoso de Bochecha.
a alcunha o acompanhou até a pré-adolescencia, quando seu queixinho duplo perdeu o charme e ele passou a ser chamado de Papada.
a futura esposa achava a piada de mau gosto, e também não gostava dos níveis de colesterol. eliminou as saturadas e trans, cortou farinha branca, comprou aparelhos da polishop. ele ganhou uma boa forma e o apelido de Coleira.
quando a mulher engravidou ele achou por bem arrumar um emprego "de verdade" e logo virou o Gravata.
foi tocando a vida, dia windsor, dia duplo. chegava em casa afrouxando o laço pra engolir a criançada gritando, contas pra pagar, a mulher reclamando.
um dia foi encontrado pendurado pelo pescoço no cano do chuveiro. tinha usado
o cinto do próprio roupão, que fazia par com o da mulher.
ninguém mais tocou no assunto do apelido. isso sim era piada de mau gosto.
não se fala de corda em casa de enforcado.
a alcunha o acompanhou até a pré-adolescencia, quando seu queixinho duplo perdeu o charme e ele passou a ser chamado de Papada.
a futura esposa achava a piada de mau gosto, e também não gostava dos níveis de colesterol. eliminou as saturadas e trans, cortou farinha branca, comprou aparelhos da polishop. ele ganhou uma boa forma e o apelido de Coleira.
quando a mulher engravidou ele achou por bem arrumar um emprego "de verdade" e logo virou o Gravata.
foi tocando a vida, dia windsor, dia duplo. chegava em casa afrouxando o laço pra engolir a criançada gritando, contas pra pagar, a mulher reclamando.
um dia foi encontrado pendurado pelo pescoço no cano do chuveiro. tinha usado
o cinto do próprio roupão, que fazia par com o da mulher.
ninguém mais tocou no assunto do apelido. isso sim era piada de mau gosto.
não se fala de corda em casa de enforcado.
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quarta-feira, 11 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
mindinga
um dia desses eu estava andando na rua e vi uma molecada rachando de rir, tirando foto de uma dessas doidinhas de rua.
depois eles mostravam pra ela a tela do celular, e a mulher gritava transtornada:
ME TIRA DAÍ SEUS FILHADAPUTA! ME TIRA DAÍ!
quando ela acalmava eles faziam de novo. e rachavam de rir mais ainda.
eu achei engracado, mas tambem achei tão triste. porque essas coisas podem mesmo parecer hilárias e horriveis e tão tristes.
eu continuei andando e pensando que eu odeio esse tipo de gente que faz crueldades e se diverte.
daí eu fiquei pensando que talvez eu seja mesmo muito chata e fique triste com tudo ao invés de me divertir e rir e deixar pra lá.
depois pensei que se a gente não levar em consideração os sentimentos dos outros talvez a gente viva melhor e sofra menos.
e no fim eu cheguei à conclusão de que mais falta de consideração pelo sentimento alheio é o que faria o mundo ser irremediavelmente horrivel. e que sacanear quem já tá fudido é covardia e não devia ter graça nenhuma.
dai eu acendi um cigarro e esbarrei de propósito com a brasa no braço do moleque que estava tirando as fotos.
e saí dando risada por dentro, mas logo fiquei triste de novo.
depois eles mostravam pra ela a tela do celular, e a mulher gritava transtornada:
ME TIRA DAÍ SEUS FILHADAPUTA! ME TIRA DAÍ!
quando ela acalmava eles faziam de novo. e rachavam de rir mais ainda.
eu achei engracado, mas tambem achei tão triste. porque essas coisas podem mesmo parecer hilárias e horriveis e tão tristes.
eu continuei andando e pensando que eu odeio esse tipo de gente que faz crueldades e se diverte.
daí eu fiquei pensando que talvez eu seja mesmo muito chata e fique triste com tudo ao invés de me divertir e rir e deixar pra lá.
depois pensei que se a gente não levar em consideração os sentimentos dos outros talvez a gente viva melhor e sofra menos.
e no fim eu cheguei à conclusão de que mais falta de consideração pelo sentimento alheio é o que faria o mundo ser irremediavelmente horrivel. e que sacanear quem já tá fudido é covardia e não devia ter graça nenhuma.
dai eu acendi um cigarro e esbarrei de propósito com a brasa no braço do moleque que estava tirando as fotos.
e saí dando risada por dentro, mas logo fiquei triste de novo.
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quinta-feira, 28 de abril de 2011
domingo, 24 de abril de 2011
passagem
amanhã vai fazer um ano que meu pai morreu.
passou pra nenhum lugar. pra sempre. pra nunca mais.
a morte é parte da vida. é a parte eterna da vida.
renascer, ressucitar, surgir numa nova vida só serve pra quem tá vivo.
essa é a páscoa.
passou pra nenhum lugar. pra sempre. pra nunca mais.
a morte é parte da vida. é a parte eterna da vida.
renascer, ressucitar, surgir numa nova vida só serve pra quem tá vivo.
essa é a páscoa.
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quinta-feira, 21 de abril de 2011
kindness - a paradox
nada no mundo me irrita mais do que estupidez.
daí eu fico aqui remoendo que gente grosseira merece espancamento.
eu só não dou porrada nessas pessoas porque daí eu estaria sendo grosseira e então seria eu a merecedora de porrada. mas juro que dá vontade.
gentileza gera gentileza, uns diriam.
eu gosto da variação: gentileza gera gente ilesa.
daí eu fico aqui remoendo que gente grosseira merece espancamento.
eu só não dou porrada nessas pessoas porque daí eu estaria sendo grosseira e então seria eu a merecedora de porrada. mas juro que dá vontade.
gentileza gera gentileza, uns diriam.
eu gosto da variação: gentileza gera gente ilesa.
sábado, 16 de abril de 2011
insustentável leveza
Você pode me achar estranha, mas pra mim a vida fica mais fácil quando eu penso que, na big picture, ela não faz mesmo a menor diferença...
Eu já conhecia esse video, acho que foi o Pili que me mostrou uns anos atrás.
Tinha esquecido dele e agora vi um link da Naninha no FB. Thanks guys.
Eu já conhecia esse video, acho que foi o Pili que me mostrou uns anos atrás.
Tinha esquecido dele e agora vi um link da Naninha no FB. Thanks guys.
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sobre a vida
terça-feira, 15 de março de 2011
teste de realidade
às vezes a gente fica acreditando em coisas ruins que fazem a gente sofrer.
às vezes as coisas ruins são mesmo verdade. às vezes não.
originalmente esse filme é uma campanha querendo mostrar que diferença de raça só importa pra quem não sabe o que é realmente importante na vida. uma graça. mas se você entendeu direito percebeu que isso não tem nada a ver com o que eu tô querendo dizer aqui nesse post...
às vezes as coisas ruins são mesmo verdade. às vezes não.
originalmente esse filme é uma campanha querendo mostrar que diferença de raça só importa pra quem não sabe o que é realmente importante na vida. uma graça. mas se você entendeu direito percebeu que isso não tem nada a ver com o que eu tô querendo dizer aqui nesse post...
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
lados
eu digo que o otimista é um mal informado.
ele diz que não ver o lado bom das coisas é um tipo de cegueira.
e que [quase] sempre tem um jeito melhor de olhar pra vida.
eu tô tentando aprender.
mas juro por deus que se o carro fosse meu e alguem mandasse um 'ainda bem que você não tava dentro' eu dava porrada.
essa foto foi tirada hoje no final da tarde, na rua do InCor, depois da chuva de pedra.
ele diz que não ver o lado bom das coisas é um tipo de cegueira.
e que [quase] sempre tem um jeito melhor de olhar pra vida.
eu tô tentando aprender.
mas juro por deus que se o carro fosse meu e alguem mandasse um 'ainda bem que você não tava dentro' eu dava porrada.
essa foto foi tirada hoje no final da tarde, na rua do InCor, depois da chuva de pedra.
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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Morrer de tristeza
Within recent medical times, psychologic investigations have reawakened interest in the psychological settings in which illness develops. Reports in the literature have singled out loss as a precipitating factor in a variety of disorders. Arthur H. Schmale Jr. MD - Psychosomatic Medicine
How JFK Killed My Father
Richard M. Berlin
It was a time when men wore fedoras
banded on the crown, each band with a feather
tucked into a bow, and inside,
sweat bands carved from calf skins
with their sweet smell of animal and earth.
I remember the photo over my grandfather’s desk,
a sepia toned panorama shot
from his ninth floor factory window,
Broadway below a surge of ticker-tape
and hats tossed in the air for FDR,
hats pouring into the street, hats
waved in exaltation, hats
taking off like America.
After two war-time winters in Greenland
my father came home, hat in hand,
and bought the sweat band business,
made it grow like his young family, presidents
and hopefuls motorcading down Broadway:
Truman in a Scala wool Hamburg,
Ike’s bald head steamed in fur felt,
Stevenson’s ideals lost in the glory
of a two-inch-brimmed Stetson.
But when thick-haired Kennedy
rode top down and bare-headed,
men all over America took off their hats
in salute, in praise and imitation,
flung them into the street forever.
Hat factories closed quiet as prayer books,
and loss lingered in my father’s guts
like unswept garbage after a big parade.
Years later, yarmulke on my head,
they asked me to view him in his coffin.
I can still see his face shaved smooth as calf skin,
his dark suit, crisp white shirt and tie,
how I laughed that they dressed him for eternity
without a hat. And I can still hear
the old men murmur in the graveyard,
Kennedy did it to him,
fedoras held close to their leathered hearts.
How JFK Killed My Father won the Pearl Poetry Prize, 2002, and was a finalist for the Paris Review Prize, Kate Tufts Discovery Award, Kenyon Review Prize, University of Louisville Fleur-de-Lis Prize, and the Pinyon Poetry Prize.
The title poem of How JFK Killed My Father was nominated for a Pushcart Prize.
from: www.richardmberlin.com
How JFK Killed My Father
Richard M. Berlin
It was a time when men wore fedoras
banded on the crown, each band with a feather
tucked into a bow, and inside,
sweat bands carved from calf skins
with their sweet smell of animal and earth.
I remember the photo over my grandfather’s desk,
a sepia toned panorama shot
from his ninth floor factory window,
Broadway below a surge of ticker-tape
and hats tossed in the air for FDR,
hats pouring into the street, hats
waved in exaltation, hats
taking off like America.
After two war-time winters in Greenland
my father came home, hat in hand,
and bought the sweat band business,
made it grow like his young family, presidents
and hopefuls motorcading down Broadway:
Truman in a Scala wool Hamburg,
Ike’s bald head steamed in fur felt,
Stevenson’s ideals lost in the glory
of a two-inch-brimmed Stetson.
But when thick-haired Kennedy
rode top down and bare-headed,
men all over America took off their hats
in salute, in praise and imitation,
flung them into the street forever.
Hat factories closed quiet as prayer books,
and loss lingered in my father’s guts
like unswept garbage after a big parade.
Years later, yarmulke on my head,
they asked me to view him in his coffin.
I can still see his face shaved smooth as calf skin,
his dark suit, crisp white shirt and tie,
how I laughed that they dressed him for eternity
without a hat. And I can still hear
the old men murmur in the graveyard,
Kennedy did it to him,
fedoras held close to their leathered hearts.
How JFK Killed My Father won the Pearl Poetry Prize, 2002, and was a finalist for the Paris Review Prize, Kate Tufts Discovery Award, Kenyon Review Prize, University of Louisville Fleur-de-Lis Prize, and the Pinyon Poetry Prize.
The title poem of How JFK Killed My Father was nominated for a Pushcart Prize.
from: www.richardmberlin.com
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
o par de asas do Zé
meu pai tinha pernas normais. eram meio separadas em curva, que nem as pernas de um alicate. meu pai foi jogador de futebol da segunda divisão quando era mocinho.
quando eu era pequena eu usava as pernas dele como meio de transporte. trançando em volta delas que nem um coala. eram também uma espécie de sofazinho pra mim, quando ele as cruzava e eu me apoiava pra ler minhas revistinhas.
meu pai tinha pernas como qualquer outro pai. só que um dia ele teve que abrir mão delas pra continuar vivendo. ele gostava muito de ficar aqui com a gente, então tomou essa decisão.
por um tempo ele pode ter pernas biônicas. ele teve joelho com trava de pressão, que permitia que ele se levantasse da cadeira sem precisar apoiar na bengala. ele teve pernas de liga leve virtualmente indestrutíveis. nao lembro se eram de titânio ou de adamântio. mas eram biônicas.
por um tempo eu pensei que elas fossem mágicas. de tanto bem que elas fizeram pra ele. a liberdade que ele ganhou com as pernas mágicas era similar ao que aconteceria se um de nós ganhasse um par de asas. imagina só.
depois de um tempo ele não conseguia mais ser o homem biônico. e as pernas mágicas ficaram guardadas. junto com a esperança de que alguma outra mágica pudesse reverter a piora gradual e impiedosa da saúde dele. só que não teve jeito mesmo. depois de um tempo ele foi embora. sem perna nenhuma. sem força biônica e sem poderes mágicos. foi embora e pronto.
as pernas biônicas ficaram por aqui. tudo ficou mesmo tão estranho por aqui. um par a mais, um par a menos de pernas nem se notava. as pernas biônicas ficaram muito tempo aqui. faltava coragem pra encará-las.
hoje eu fui levá-las pra um novo destino. eu coloquei as pernas biônicas no carro e entreguei na mão de alguém que eu não conhecia. um dia elas vão ser entregues pra alguém que precisa de pernas biônicas. quem sabe elas voltam a ser mágicas.
quando eu era pequena eu usava as pernas dele como meio de transporte. trançando em volta delas que nem um coala. eram também uma espécie de sofazinho pra mim, quando ele as cruzava e eu me apoiava pra ler minhas revistinhas.
meu pai tinha pernas como qualquer outro pai. só que um dia ele teve que abrir mão delas pra continuar vivendo. ele gostava muito de ficar aqui com a gente, então tomou essa decisão.
por um tempo ele pode ter pernas biônicas. ele teve joelho com trava de pressão, que permitia que ele se levantasse da cadeira sem precisar apoiar na bengala. ele teve pernas de liga leve virtualmente indestrutíveis. nao lembro se eram de titânio ou de adamântio. mas eram biônicas.
por um tempo eu pensei que elas fossem mágicas. de tanto bem que elas fizeram pra ele. a liberdade que ele ganhou com as pernas mágicas era similar ao que aconteceria se um de nós ganhasse um par de asas. imagina só.
depois de um tempo ele não conseguia mais ser o homem biônico. e as pernas mágicas ficaram guardadas. junto com a esperança de que alguma outra mágica pudesse reverter a piora gradual e impiedosa da saúde dele. só que não teve jeito mesmo. depois de um tempo ele foi embora. sem perna nenhuma. sem força biônica e sem poderes mágicos. foi embora e pronto.
as pernas biônicas ficaram por aqui. tudo ficou mesmo tão estranho por aqui. um par a mais, um par a menos de pernas nem se notava. as pernas biônicas ficaram muito tempo aqui. faltava coragem pra encará-las.
hoje eu fui levá-las pra um novo destino. eu coloquei as pernas biônicas no carro e entreguei na mão de alguém que eu não conhecia. um dia elas vão ser entregues pra alguém que precisa de pernas biônicas. quem sabe elas voltam a ser mágicas.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
os óculos do paulão
quando eu o conheci ele não estava usando. talvez isso até tenha garantido a minha chance, interferindo na nitidez da primeira impressão que ele teve de mim... parece que tinha perdido o seu último par. pelo que vi nas fotos era um modelo tipo 'onde está wally'. depois de longos meses sem me enxergar direito ele comprou um com armação levinha de metal. discreto e moderno. jovem de futuro. agora enxergava bem, mas nessa altura já me via com outros olhos. minha imagem estava a salvo. esse par durou muitos anos. está nas fotos do casamento, de viagens, de festas com os amigos. mudou de país, viajou o mundo e perdeu-se na china. por isso o novo levinho de metal veio de lá. acompanhado de uma prescrição em chinês, guardada por anos, só pela piada. made in china e bought in china, era duríssimo na queda. foi pisoteado numa beach party que tinha tudo pra ser um mico, mas como a gente tava junto e feliz, achava tudo bom. esse par sobreviveu também a um afogamento no oceano atlântico, quando seu distraído dono mergulhou com ele no rosto. foi salvo pelo ágil miel, num golpe de sorte e rapidez ninja. secou-se ao sol enquanto curtíamos um churras na casa do amigo beto, num dos melhores dias já vividos. durou mais alguns anos. ajudou o cara a enxergar novos e maiores horizontes. meio torto e baleado, acompanhou os grandes olhos verdes, então envermelhecidos pela falta de sono, durante longos meses de I.P.O. esses óculos acompanharam a exaustão dele e a mudança de emprego com certeza de dever cumprido. embaçado e úmido, mudou-se daqui de casa junto com ele. a última notícia que tive foi que agora o cansado par de óculos não tem mais serventia. aposentou-se após uma cirurgia a laser. adiada por anos, finalmente aconteceu em 2010, data em que ele e o laser comemoraram 40 anos. tirou os óculos de vez. não precisa de mais nada pra poder olhar pra frente. e pra frente seguir com seu olhar doce de menino.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
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