quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Casa da Kenny

Quando meu irmão foi morar definitivamente no Rio ele sofreu pra achar uma casa. Ele tinha ido, a princípio, só por alguns meses e estava morando num flat. O amor pela cidade o fez arrumar um emprego por lá mesmo, então precisava mudar. Como ele não estava dando sorte nas primeiras tentativas e o prazo estava estreitíssimo, eu fui pra lá ajuda-lo.

Passamos um final de semana olhando apartamentos sem cozinha, kitchenettes com vista pro morro, espeluncas em geral. Tudo a peso de ouro, claro. Foi um sufoco, mas finalmente encontramos um apartamentinho ótimo no Flamengo. A velhinha que morava lá tinha mudado pro andar de cima. E deixou o apêzinho mobiliado. Todo pintado de rosa. Com uma geladeira verde-giz modelo arredondado e um filtro de cerâmica em forma de cogumelo. Mas essa é uma história pra contar outra hora.

A Fê, minha prima também passou um sufoco pra arranjar uma casinha. No mesmo Rio de Janeiro. Ela levou mais de um ano (sim, um ano!) pra achar um lugar bacana. Finalmente achou um cantinho liiiiindo em Santa Tereza, vista do por do sol e tudo. Mais um caramujinho feliz.

Mas não é só no Rio que o negócio é difícil, não. Lembro que o Giacca levou meses e meses até se acertar entre os índios de Moema. Naninha e Lavi, grávidos na época, não acharam nada de bom em tempo e decidiram esperar o Fernando nascer, crescer, e ter idade suficiente pra dar uma força com os corretores de imóveis. Minha mãe e eu procuramos bastante um cantinho pra ela. Nada que fosse bom E affordable. Nadica de nada. Então, ela continua de frente pro mar até segunda ordem.

Eu mesma, há alguns meses, venho olhando imóveis pra comprar em São Paulo. Estou na dúvida se devo continuar morando no meu atual apartamento. Mas não tem muita coisa boa nos bairros que eu gostaria e quando tem é tudo muuuuito caro. Então o plano de achar uma casa nova pra mim foi adiado indefinidamente.

Muitas histórias, muitas dificuldades... Mas nada, nada, nada, nada se compara ao que estou passando agora. A Kenny, filha da Bel que trabalha comigo, pediu uma Casa da Barbie de natal. Faz semanas que eu estou atrás disso. On line e off line. Not a chance. Esgotado. Esgotado. Indisponível. Nem o Papai Noel himself consegue achar essa casinha. Não tem corretor de Tokio, Nova York ou Rio de Janeiro que me ajude a resolver esse problema.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As Calcinhas da Minha Avó

minha avó era uma figura. ela não era que nem gente comum, sabe? tinha um carisma enorme, uma alegria pela vida, pelas pessoas. era super querida por gente de todas as idades, todas as classes sociais. tinha assunto com todo mundo, dava conta da vida da família inteira. era incrível.

ela tinha também alguns costumes que eu, assim como outros netos, fui aprendendo a achar muito bonitinhos ao longo do anos. por exemplo, ela rezava novenas toda quarta feira. não comia carne às quartas, sextas e sábados. rezava na posição de muçulmano virado pra Meca, porque dizia que era bom pra irrigar o cérebro. desde que o marido morreu, quando ela tinha 40 e poucos anos, prometeu nunca mais se casar ou ter outro homem, porque ele foi o amor da vida dela. e de quebra também prometeu nunca mais usar batom. e nunca mais dançar.

ela não comentava isso com ninguém. eu fui descobrindo pela minha mãe e minhas tias durante a infância e adolescência. mas essas privações específicas não seriam tão interessantes não fosse o fato de que ela as cumpria com muita, muita satisfação. isso é que era o realmente incrível. ela tinha certeza e absoluta confiança de que aquilo era o melhor que ela podia dar ao mundo.

Tinha também a cisma dela com "roupas de baixo". ela usava anáguas e combinações. a maioria de seda, com rendas delicadas, bordados. tudo sempre escondidíssimo sob a roupa. ninguém nunca via. só mesmo ela e eventualmente a gente da casa, que via as peças pelo quarto ou penduradinhas no box do banheiro depois de lavadas com sabonete Phebo. Ela achava muito desleixadas as peças mais modernas de algodão ou malha. Só usava lingerie legítima. Pra ela mesma apreciar.

E isso chegava nas outras mulheres da família: enquanto a gente se arrumava, ela sempre queria se certificar de que você estaria com uma "calça em ordem". e chamava a atenção sempre que via uma calcinha simplesinha, dessas de tecidos não-nobres.
- Mas, vó... ninguém vai ver! (na época ninguém via mesmo)
- Não. Não pode sair assim, Vinha! e se você passar mal na rua e alguém for te socorrer? Imagina? E você usando essa 'calça' feia...

Acho que nunca entendi direito o real sentido dessa preocupação. E na verdade fazia um tempão que não lembrava de nada disso.

Até que hoje uma mulher me contou uma história no consultório, que parece roteiro de filme da sessão da tarde. Em 1999 ela sofreu um acidente de carro e se machucou bastante. Foi levada a um hospital e por causa do estrago no joelho e na perna, tiveram que cortar a calça jeans pra tirar um raio X e engessar. Ela saiu do hospital algumas horas depois e, para o caso de ter "alguma complicação com a perna", o médico plantonista deu o telefone dele. E pelo visto deu o coração junto. Hoje era o aniversário de 4 anos da filhinha deles.

"Viiiiinha! Espia um pouco que beleza de família!", é o que minha vó diria, com os olhinhos brilhando.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Café do Serginho

O Serginho é pai da minha amigona, a Legas. Ele é um cara bacana, desse estilo que sempre se matou de trabalhar, construiu uma vida boa e aprendeu a priorizar o que gosta: johny walker, viagem, mulher bonita, jogo de tenis, comida bem feita, bate papo em volta da mesa... e café.

Aí é que está o que eu quero contar. Quando a gente sai pra jantar com ele, a hora do café é uma diversão à parte (menos pros familiares, que já estão traumatizados). O Serginho gosta de café expresso curto. Forte e aromático. Tirado da máquina da forma correta. Com uma cremosidade xis. Servido bem quente, mas não fervendo.

Posto isso, você já imagina o quão difícil é o garçom trazer uma xicrinha vencedora.

Caras constrangidas vão e voltam do balcão do expresso várias vezes. Caras furiosas. Caras de desdém. Caras de choro até. A parte mais legal começa na hora que aquilo vira questão de honra. O garçon não vai desistir enquanto não ouvir um elogio. E o Serginho não vai baixar seu grau de exigência. E a xicrinha vem e vai. Vem e vai.

No momento em que todos estão quase perdendo a esperança pode acontecer uma de duas coisas:

1- o Serginho vai até o balcão e pede licença pra ensinar ao rapaz como se tira um bom café. Ele vai dando as instruções e o pobre vai seguindo: bate aqui, gira ali, espera, vapor, rufar de tambores: Ahhhh agora sim, ele diz. O garçon respira aliviado, o rapaz do café baixa a guarda, sorri orgulhoso de si mesmo e fica melhores amigos com o Serginho.

ou 2- antes do Serginho se levantar chega um café do jeitinho! Oooo Campeão! Agora sim! Isso é que é café. Tá tão bom que eu até vou querer mais um. Igualzinho!

E neste caso, voltamos à fase do ponto de honra ou da desesperança. E assim vamos no que seria um looping recursivo infinito se não fosse interrompido pela mulher ou um dos filhos, que sugerem irmos embora, em compungente tom de súplica.

E lá se vai a comitiva pedir o carro ao manobrista. E o Serginho vai se embalando pra cair na cama, fazendo cafuné na própria cabeça. Satisfeito como ele só!


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Eu gosto do Serginho. Às vezes não tem nada a ver, mas tem horas que ele me lembra o Zé, meu pai. Principalmente no tempo que o Zé resolveu ser fiscal do Funaro. Saudade.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

backfire

às vezes dá vontade de falar o que eu realmente penso sobre isso tudo. não que vá fazer qualquer diferença, mas dá um certo medo de isso pegar mal com o tanto de gente que eu ia acabar ofendendo...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

dezembro

trânsito, calor, correria pra entregar tudo que não pode ser deixado pro ano que vem de jeito nenhum. não sei que p#rra de diferença faz.

tem que ser pra ontem.
tem que, tem que, tem que.
tem que ser agora.
o médico quer agora.
a escola quer agora.
o relatório tem que ser entregue agora.
eu quero consulta agora.
meu pai tem que ser atendido agora.

ah! será que você pode segurar o cheque pra daqui 30 dias?

#orabolasfaçameumfavor...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

pela razão e pela emoção.

a campanha da DOVE pela real beleza trouxe um pouco de frescor para a máxima ultrapassada de qua as pessoas almejam ser vencedores perfeitos e infalíveis. pra vender a gente tem que saber o que é que as pessoas estão querendo comprar. eles se ligaram que a grande maioria dos consumidores ficava um pouco intimidada ao se deparar com a imagem de pessoas perfeitas e photoshopadas. hoje em dia os valores mudaram! então decidiram mostrar garotas entre aspas normais em seus filmes e fotos, para que as clientes pudessem se identificar com um ideal de beleza menos inatingível. e assim vissem a marca dove como mais real, sabe. mais gente como a gente. além de mais bacana, mais em sintonia com a auto-estima das meninas, mais moderna, mais milênio, mais ego-friendly.

claro que a princípio alguns puristas torceram o nariz ao ver uma menina mais rechonchuda pulando de biquini na tv. alguns caçoaram do cabelo tonhonhóin de uma, do narigão da outra. mas no fim todo mundo entendeu que o conceito era mais amplo. mais profundo.

segura essa idéia aí e corta pra outro assunto:

uns dias atrás fui fazer uns exames que minha médica pediu. nada sério. só rotina de glicemia, colesterol e tal. dois tubinhos de sangue. eles viram qualquer problema com a minha carteirinha do seguro médico e eu não poderia fazer o exame naquele dia. pra não perder os 3 dias sem beber e as 12 horas de jejum resolvi pagar pelo exame. quer dizer... resolvi saber o preço. frente a resposta de um valor exorbitante resolvi botar o rabinho entre as pernas e deixar pra lá. quer saber? jejum é bom. emagrece.

mas confesso que fiquei meio indignada. fiquei pensando que a gente paga uma fortuna pelo piso de mármore, pelo sorriso do médico e pelo paisagismo do jardim. porque não era possível ser tão caro botar o diabo do sangue no tubo, sacudir e olhar no microscópio. só podia ser isso. uma inversão de valores. aceitamos que seja elevado a milésima potência o valor agregado do estilo de vida pago- uma- fortuna- despropositada, mas- tenho- conforto- para- minha- família, que- é- o- que- importa.

todo mundo sabe que o que é bacana nos dias de hoje é dar glamour com um toque de o-que-realmente- importa-na-vida até mesmo pra quem vai fazer exame de fezes. o que importa é ser exclusivo, ter um atendimento de qualidade internacional, mas que ao mesmo tempo seja carinhoso e personalizado. que nem na família da gente (se a família da gente fosse feita de gente linda, solícita e sorridente). o que importa é que guardaremos o seu cocô em potinhos de nano-cristal feitos um a um pelos velhinhos do tibet. vai ficar na geladeira junto com as geléias da vovó. teremos engenheiros da nasa para analisar sua amostra. mas o mais importante é que amamos você. sacou?

só que outro dia eu passei na frente de uma unidade desse laboratório em um bairro bacana de são paulo e fiquei na dúvida sobre a mensagem que eles estão tentando passar. acho que deve ser uma coisa mais profunda, que nem a beleza real da dove. eles estão propondo uma mudança de paradigma. deve ser isso. eles decidiram passar a mensagem de que todo o dinheiro que a gente paga não vai ser gasto com futilidades estéticas, mas sim para desenvolver o que importa: a sensação de estar em casa e as tecnologias mais e mais avançadas no mundo das análises clínicas. a qualidade técnica aliada à sensação gratificante de enfeitar a casa com algo que foi feito pelo seu filho de 4 anos.

essa foi a única explicação que eu encontrei para o fato de eles usarem a decoração de natal mais feia do mundo. só pode ser isso.

domingo, 21 de novembro de 2010

talking 'bout my g-g-generation

a moral da história?
gente é tudo igual, mas diferente.
ou forever changing = forever young.
ou pedras que rolam não criam limo.
ou só porque eu não suporto mais ouvir 'born to be wild'.
nem qualquer coisa do bob marley.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

lava roupa todo diaaa...

A atriz Scarlett Johansson (foto à esquerda) aguarda ansiosamente a chegada do marido. Trata-se do ator canadense Ryan Reynolds (foto à direita), recém-eleito o homem mais sexy do mundo pela revista People. O casal leva uma vida discreta e segue a risca o dito "roupa suja se lava em casa". Mais precisamente "ô lá em casa".

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Bad Romance

tem gente falando que nunca tinha visto o original.
inaceitável.

good thing that I am kind enough to educate you people!



agora é assim. vou encher a vida de coisa besta e fútil. vou ser legal e leve.
(e vou guardar meu schopenhauer só pra mim)

filosofia e insights sobre a vida?
agora só pagando.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

who needs a go go boy, anyway?

estou magnética e estranhamente atraída pelo chubby de barba com o boné preto.
deus há de ser bom. esse cara há de ser hetero. nem que seja só às vezes.
quem é capaz de fazer isso deve ter a maior auto-estima do planeta.

alguém aí disse diversão garantida inside four?

ou seu bad romance de volta.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

é o novo blog da silvinha!

olha, fica a vontade, hein?

faz de conta que a casa é sua...


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